A antiga Adega
Cooperativa de Vila Verde foi, hoje, palco de um desfile com modelos muito
especiais. Mais de duas centenas de animais, vindos de toda a região e
aprumados a rigor, desfilaram predicados para convencer um júri bastante
exigente. Depois dos já afamados Concurso Pecuário e Concurso de Espécies Avícolas
Nacionais da Festa das Colheitas, os animais de gado bovino (mais de uma
centena) seguiram em cortejo por uma das principais artérias vilaverdenses, em
direção ao Campo da Feira e regressaram depois ao ponto de partida. No final
ganham todos, só perde mesmo quem não participa. Os vencedores têm direito a um
prémio monetário, mas todos levam para casa um saco de ração e a certeza de que
o Município de Vila Verde e as associações locais, AMIBA e Cooperativa Agrícola
de Vila Verde, encetam esforços no sentido de promover e valorizar o trabalho
que desenvolvem no setor agropecuário.
Número de cabeças de gado deve aumentar
O vereador responsável
pelo pelouro da Agricultura e Florestas do Município de Vila Verde, Patrício
Araújo, sublinhou a importância da iniciativa como medida de apoio e incentivo
ao trabalho desenvolvido pelos produtores locais. “Esta mostra tem-se afirmado
como um dos grandes eventos do certame e, de futuro, pretendemos aumentar o
número de animais presentes no certame. As raças autóctones são cada vez mais
procuradas pela qualidade da sua carne, pelo que é necessário dar relevo e
enfase a este tipo de produtores mais tradicionais. Esta carne constitui um
produto diferenciador e poderá traduzir-se numa mais valia para os agricultores
e produtores concelhios”, afirmou, acrescentando que este tipo de ações são
fundamentais para garantir a preservação de algumas destas raças. O vereador concluiu
avançando que estão a ser delineadas estratégias para que o número de
participantes possa aumentar já na próxima edição.
Novas raças a concurso
Por sua vez, o presidente
da Cooperativa Agrícola de Vila Verde, Fernando Xavier, apresentou outra
novidade. “Estamos a ponderar fazer algumas alterações para que no próximo ano
possamos ter aqui outras raças presentes, além das autóctones. Temos no
concelho um grande número de produtores de outras raças e penso que será
importante incluir esse tipo de animais, porque já representam uma parcela significativa
da nossa produção”, referiu, acrescentando que o cortejo dá um brilho especial
a um evento que se afigura importante para os produtores, porque representa “um
incentivo à produção, que em simultâneo se torna mais profissional e permite
aos agricultores garantirem um melhor posicionamento no mercado”.
As aves também começam a
ganhar protagonismo e o concurso de Espécies Avícolas Nacionais é já um dos
maiores em todo o país, contando este ano a participação de cerca de 80 animais
oriundos do concelho de Vila Verde e de alguns concelhos limítrofes. A garantia
foi dada pelo representante da associação vilaverdense AMIBA, que ressalvou a
importância do concelho para o setor. “O concelho de Vila Verde é a sede do
livro genealógico das quatro raças autóctones portuguesas, que está entregue à
AMIBA. Organizamos este concurso há sete anos pela importância que assumo na
promoção e valorização das raças autóctones”, referiu.
Futuro do setor parece assegurado
Por esta altura, acorrem
a Vila Verde produtores de toda a região, muitos dos quais depois de palmilhar
dezenas de quilómetros antes de chegar à sede de concelho. É o caso de João Campos,
de Montalegre, que não poupou elogios à organização. “Este tipo de iniciativas
são muito importantes para preservarmos as nossas raças, ajudam bastante porque
os produtores podem demonstrar aquilo que têm de melhor”, avançou o produtor
montalegrense, garantindo ainda que ainda há muitos criadores de gado ‘para as
suas bandas’ e que o setor está de pedra e cal. Outros vêm bem de perto.
Joaquim de Barros Ribeiro, que arrecadou bastantes prémios no concurso
concelhio, cria gado na Loureira. O produtor avançou que o segredo para o
sucesso está no trabalho com afinco e na conservação dos bons animais, garantindo
uma prol de qualidade. O futuro do setor não o atemoriza, uma vez que os netos
já têm neles o bichinho plantado pelo avô e deverão dar continuidade ao seu
ofício.
Agropecuária e música em destaque no 2º dia da
Festa das Colheitas
Durante a tarde, os saberes tradicionais continuaram a
ocupar lugar de destaque na programação, com o Concurso da Broa, que arrancou
pelas 14h30, e a entrega dos prémios dos concursos de Mel e Marmelada, que
ocorreu pelas 16h30. Depois, foi tempo de a magia da música contagiar o
recinto. Às 17h00, decorreu o concerto da Academia de Música de Vila Verde, um
espetáculo de enorme qualidade a que se seguiu outro de grande nível, já que
uma hora mais tarde subiu ao palco o grupo vilaverdense Trovar D’Alma. No fim dos
concertos a fome começou naturalmente ‘a apertar’, o que se resolveu facilmente
e sem sair do recinto, já que as especialidades regionais têm feito as delícias
dos visitantes do 10º Festival Gastronómico da Festa das Colheitas e são importantíssimas para recuperar
energias para os espetáculos de música popular que começam ao início da noite.
Às 21h00, Anjinho e Amigos chegam com a alegria contagiante das desgarradas à
boa moda do Minho. A noite encerra com a atuação do cantor popular Zézé Fernandes,
que começa pelas 23h00.
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