A recriação de uma
desfolhada minhota tradicional foi o grande atrativo do programa de ontem (12
de outubro) da Festa das Colheitas, organizada pelo Município de Vila Verde. No
recinto, a sensação era de que se tinha sido transportado para outra era, como
se num passo de mágica Vila Verde tivesse viajado no tempo recuando várias
décadas. As juntas de bois carregaram as canas milho até ao local da
desfolhada, seguidas por homens e mulheres trajados a rigor, que entoavam
cantigas populares ao som de concertinas. Na eira improvisada as espigas de
milho eram separadas das canas com a força dos braços, ao ritmo dos tocadores
que alegravam a noite.
Nenhum pormenor foi deixado ao acaso. A
indumentária, as cantigas populares, a meda de canas de milho, os caretos com
as suas travessuras e uma merenda abastada (como manda a boa moda minhota) que
foi partilhada com todos os presentes. Uma viagem pelas raízes do concelho de
Vila Verde, em que destoavam apenas os smart phones e as máquinas fotográficas
das largas dezenas de visitantes que não quiseram (e bem) perder a oportunidade
de imortalizar estes momentos em fotografia e vídeo. Como tem sido apanágio na
edição de 2015 da Festa das Colheitas, a música também assumiu protagonismo
durante o serão, com o Rancho Folclórico de Aboim da Nóbrega a abrilhantar a
Desfolhada Minhota. De seguida, foi tempo de subir ao palco o grupo ‘4 Ventos’,
que encerrou as hostes com um espetáculo de grande qualidade.
Honrar a tradição e promover o turismo
“Com a recriação de
práticas agrícolas ancestrais, cumpre-se um dos grandes objetivos da Festa das
Colheitas. Estas atividades têm uma função pedagógica, uma vez que ensinamos
aos mais novos os nossos costumes e tradição. Em simultâneo, garantem a todos
os que nos visitam o contacto direto com estas práticas agrícolas, bem como a
oportunidade de participar e viver experiências únicas”, afirmou a vereadora da
Cultura da Câmara Municipal de Vila Verde. Júlia Rodrigues Fernandes prosseguiu
elogiando o empenho e rigor demonstrados pela Associação de Folclore do
Concelho de Vila Verde na preparação de uma “encenação excecional”, numa
“homenagem sentida às colheitas, às nossas raízes e a todos os que fizeram Vila
Verde crescer”.
Este tipo de iniciativas
apresenta um potencial enorme na promoção turística do concelho. “A valorização
da tradição permite-nos proporcionar aos que aos turistas e curiosos momentos
únicos, de emoção, partilha e confraternização. “As pessoas dançam e interagem
com quem nos visita. Os visitantes podem participar e vivenciar novas
experiências. Até a merenda foi partilhada com toda a plateia. São momentos
únicos e de grande partilha entre quem nos visita e os vilaverdenses que dão
corpo a esta encenação”, conclui a vereadora da Cultura.
Hoje é Dia do Linho
Hoje as atividades
prosseguem com mais um autêntico hino à cultura minhota. Os visitantes têm hoje
uma excelente oportunidade para conhecer todo o ciclo do linho, da sementeira à
colheita, passando ainda pelo processo que o transforma em material de belos
bordados minhotos. A recriação rigorosa desta prática agrícola ancestral está
cargo da ARC Marrancos. Nada é deixado ao acaso, os trajes, as alfaias e até as
cantigas de outros tempos vão levar os visitantes em mais uma autêntica viagem
no tempo até às raízes da cultura minhota. A música popular também assume lugar
de grande destaque, com os ‘Amigos da Concertina de Vila Verde’ a garantirem a
animação musical.
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