quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Espadelada do Linho foi rainha no 5º dia da Festa das Colheitas


O linho assumiu lugar de proa no programa de ontem, 13 de outubro, da Festa das Colheitas. Um dia com enorme simbolismo, dedicado inteiramente à matéria-prima que deu origem a uma dos grandes ícones do concelho de Vila Verde, os Lenços de Namorados. A recriação da espadelada de linho tradicional cumpriu um duplo propósito, homenagear a tradição e os costumes dos nossos antepassados, contribuindo ativamente para a preservação deste saber ancestral através da passagem de testemunhos às gerações mais jovens. A encenação foi planeada ao por menor. Não faltaram as alfaias, os trajes e as cantigas de outrora para colorir uma noite que se afigurou como mais um autêntico hino ao mundo rural. Galeria Fotográfica: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.837219663059655.1073741900.263620087086285&type=3

Os visitantes, com a curiosidade aguçada pela demonstração preparada pela ARDC Marrancos, iam interagindo com os atores locais com o intuito de descobrir um pouco mais sobre esta arte. A habitual hospitalidade vilaverdense ficou mais uma vez demonstrada, uma vez que não houve questão que ficasse por responder ou dúvida que não fosse esclarecida. Para os que não puderam estar presentes, não há motivo para consternações, já que existe na Festa das Colheitas um setor dedicado exclusivamente a esta matéria-prima, em que os visitantes podem embarcar numa viagem pelo ciclo do linho, ficando a conhecer todo o processo, da sementeira à colheita, que culmina nos belos bordados que adornam os lares tipicamente minhotos. No final, houve tempo para a ‘prata da casa’ provar que tem bastante valor. A atuação dos ‘Amigos da Concertina de Vila Verde’ inundou o recinto com a alegria contagiante dos ritmos da música popular.

Simbolismo muito especial
A vereadora da Cultura não enjeitou a possibilidade de marcar presença em mais uma iniciativa muito acarinha por vilaverdenses e visitantes. Júlia Fernandes começou por deixar rasgados elogios ao trabalho de preservação e promoção desta arte antiga, que tem vindo a ser desenvolvido pela ARDC de Marrancos, em que assume lugar de destaque o Sr. Abílio Ferreira, responsável pela organização das primeiras recriações de espadeladas, ainda nos anos oitenta do século passado, e benemérito que doou à causa pública todo o espólio existente no Museu do Linho. “O Sr. Abílio é a alma deste projeto. Todos os anos continua a fazer a sementeira e a colheita, um trabalho difícil e moroso, para que se continuem a cumprir todas as diferentes fases do ciclo do linho”, sublinhou.

Júlia Fernandes prosseguiu referindo que esta é uma prática cada vez menos comum e que este tipo de iniciativas garantem a continuidade da tradição. “Temos aqui hoje [13 outubro]a recriação de uma prática agrícola rara, que já dificilmente se encontra pelo país. É também uma forma de mostrarmos como se trabalhava o linho naquele tempo”, afirmou a vereadora, lembrando que estar arte comporta um simbolismo muito especial. “Temos um especial carinho pelo linho porque é a matéria-prima dos nossos Lenços de Namorados. Era nele que as raparigas de então bordavam as suas quadras de amor e conquistavam os seus amados”, referiu.

Esperança no futuro
A primeira encenação de uma espadelada do linho tradicional organizada em Marrancos foi há mais de trinta anos. Na altura, o Sr. Abílio Ferreira, vilaverdense de gema apaixonado pelas tradições locais, apercebeu-se de que o cultivo do linho começava a entrar em desuso e, se não fosse tomada uma medida em contrário, corria-se o sério risco de se deixar este saber cair no esquecimento. A hora era de arregaçar as mangas e passar à ação. Hoje, os resultados estão à vista. “Na altura já só os mais velhos sabiam esta arte. Agora, com este trabalho que foi feito ao longo dos anos, as gerações mais novas também já sabem, garantindo que este saber não desaparece”, disse. Vários anos mais tarde concretizou-se um sonhe de longa data. Em 2013 O Museu do linho, situado na antiga escola primária da freguesia de Marrancos, abria as portas ao público com um espólio doado inteiramente pelo benemérito marranquenho Abílio Ferreira.

Hoje é o Dia do Vinho

O dia de hoje é dedicado ao néctar que prestigia o nosso país conhecido em todo o mundo. No Dia do Vinho, o fim de tarde começa com a 8ª Festa do Vinho, que consiste numa prova dos vinhos com presença no certame. Destaque para a última recriação de uma prática agrícola artesanal da edição de 2015, com a pisada de uvas, acompanhada pela atuação do Rancho Folclórico de Prado S. Miguel, em que a tradição volta a dar o mote para um serão muito interessante. A noite não podia acabar sem mais um espetáculo musical, protagonizado pela ‘Orquestra Del Mar’.

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